terça-feira, 14 de outubro de 2014

O INFERNO - 33 -


- Naomi Watts -
- 33 -

SONHOS

Assustada e toda molhada de suor, Racilva vibrou por um instante como se estivesse enervada e tudo quando lhe acometeu em sonhos, ela refletiu por um discutido momento querendo decifrar as imagens retidas em seu consciente virtual. Por momentos a virgem procurou gritar a chamar alguém para lhe amparar com maior vigor. Mesmo assim a virgem se conteve. Racilva pôs o olhar em todo o quarto de dormir e logo após se repôs em seu canto. Os olhos abertos a todo o acontecer não deram margem à virgem encobrir o rosto com o seu lençol da cama. O dia não tardava a despertar quando a Racilva agarrou no sono novamente. Se teve mais sonhos ela não mais se lembrava quando desperto por volta das oito horas. Estava Racilva em repouso quando ouviu de sua mãe o chamado para se levantar pois já era o meio dia. Coisas de mães, na verdade. Deu tempo para Racilva despertar. Quando foi ao gabinete ainda indagou a seu modo de quem ainda não despertara de todo:
Racilva:
--- Onde está o pai? – indagou sonolenta.
Aurea:
--- Delegacia! – comentou um tanto abusada.
Racilva:
--- Ah! Bom! ... Mas. ... Polícia? – perguntou assustada.
Aurea:
--- Teu irmão. Sumiu de certo. Cosme foi dá parte. Que coisa! – comentou ajeitando os utensílios do forno.
Racilva:
--- Mas tem que ter polícia no meio! – discutiu exaltada e seguiu para o banheiro.
Nesse momento, o velho Cosme já estava na delegacia de polícia do bairro onde ele residia. Tudo era sujeira. Um preso mais ou menos em liberdade procurou encher o balde de água para lavar o interior da Cadeia. Era esse o costume que lhe era dado de há muito. Nas grades, uma porção de detidos. Uns ainda dormitavam. Outro pediam um níquel a Cosme. Esse olhou os detidos e nada falou. E foi em seguida ao escritório do Delegado. Um só de plantão. Era um soldado cujo costume era dormir com os pés cruzados em cima do birô e as mãos cruzadas nos peitos. Cosme nada falou. Ele esperou que o soldado acordasse. De momento, um outro soldado passou e notou a presença de Cosme. Foi a vez se sacudir os pés do seu colega para baixo e depois dizer:
Soldado Um:
--- Acorda moleque! Tem gente! – e revoltado ele saiu para a frente da Delegacia.
O soldado dois se recostou na dadeira sacudindo a cabeça para um lado e para outro e depois desse breve lacônico instante, devagar, se postou a ouvir o relato do homem à sua frente. Com uma das mãos pôs os seus óculos, com certeza ray-ban ou seu modelo. O soldado dois se encostou no birô a olhar o rosto pálido do homem enervando sua cara robusta, muito larga até, bigodes avantajados como de um artista de cinema antigo, pele morena e sobrancelhas um tanto mal projetadas. Após ajeitar seus óculos cruzou as mãos como quem faz uma oração. Após alguns segundos, o soldado indagou com a sua voz desajeitada:
Soldado Dois:
--- Quem procura? – relatou o soldado com o gosto azedo de quem não dorme há algum tempo.
Cosme:
--- É o meu filho. Faz três dias que ele sumiu. – disse com sua voz trêmula.
Soldado Dois:
--- É assunto para o Delegado. Ele vai demorar. – e se recostou na cadeira estofada.
A cadeira era de um antigo modelo. O encosto era um tanto carcomido. Com certeza era um estofado bem antigo vindo do tempo das antas. Quando o soldado se recostou ouviu-se um rangido como de um canivete bastante velho.
Cosme:
--- E demora muito? – perguntou com certa incerteza a segurar em suas mãos o seu chapéu.
Soldado dois:
--- Não posso dizer. Não recebi instruções para tal. – reclamou o elementar policial.
Nesse ponto, três mulheres entraram no escritório do Delegado, sendo uma menina moça, com seu olhar de descrença a chorar angustiada. As outras duas mulheres se recolhiam como um pássaro ferido. A mais idosa perguntou ao soldado a estar sentado frente ao birô.
Mulher anciã:
--- O delegado? – perguntou com uma voz quase nula.
E o assunto prosseguiu para mais alguns minutos. Nesse ponto o senhor Cosme pôs o seu chapéu na cabeça e se deslocou devagar para a saída da Delegacia. Em frente do velho prédio estava o outro soldado, o que chutou as pernas do ulterior com o sentido de buscar o elementar a atender ao senhor Cosme.  O velho homem se acercou do primeiro soldado e com sua voz tristonha alegou ter o Delegado a demorar um punhado de horas. Então o soldado um disse-lhe com sua delicada voz:
Soldado Um:
--- É reunião do Secretariado. Ele deve demorar. Lá para as doze horas. E o senhor? Que buscas? – perguntou a seu Cosme.
Cosme:
--- Informação. Meu filho sumiu. Para mim, eu não me importo. Mas a mãe do garoto fica de azucrinando o tempo todo. – disse confuso.
Soldado Um:
--- Garoto? Idade? – indagou a olhar distante.
Cosme:
--- Vinte anos ou coisa assim. Eu tenho a foto. E o nome também. – declarou a miúde.
Soldado Um:
--- Deixa eu ver. Eu sou detetive. Doutor Contreiras. É o caso que mesmo assumo.
Cosme:
--- Ah! Sim! Então o senhor pode procurar o garoto? – perguntou com certa esperança.
Contreiras:
--- O delegado não estando, eu assumo casos especiais. A foto! – e Contreiras puxou a foto do rapaz.
Ele a atentou de frente e verso e anotou o nome do rapaz Canindé. Depois de alguns instantes Contreiras logo pediu as referências, local onde Canindé residia, o que buscava fazer no dia em que despareceu entre mais detalhes a mais. Após ter em mãos todo o conteúdo o detetive Contreiras logo teve a ditar.
Contreiras:
--- Em vou dar uma busca nos demais distritos. O senhor tem como pagar as custas? – indagou
Cosme:
--- Não sendo muito, eu tenho uns miúdos aqui comigo. – e deu-lhe o valor pretendido.
Contreiras:
--- Isso atente as despesas iniciais. Eu vou agora mesmo procurar nas delegacias. Hospitais e necrotérios também. Não leve em consideração o que eu digo. – fez cara de um homem sério.
Cosme:
--- Necrotério? – indagou com vexame.
Contreiras:
--- Sim. Mas, é pura precaução. – declarou o detetive.

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