- Jennifer Aniston -
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MOLOTOV
Os coquetéis Molotov, armamentos de fabricação ilegal e usados por
guerrilheiros urbanos tiveram uma parada no início da noite do primeiro dia. As
tropas militares invadiram o terreno do Cemitério do Alecrim onde trocaram fogo
com os insurgentes. Houve mortes de um certo número de meliantes tendo sido a
maior parte detida e levada em camburões para locais secretos. A Polícia
Federal impôs censura à imprensa na divulgação dos atentados e chegou a
empastela algumas oficinas de jornais por desobediência da ordem. Uma emissora
de rádio chegou a ser fechada por tempo indeterminado por descumprir a ordem
dada. A Força Federal pôs toque de recolher as 22 horas em toda a cidade e
agentes de polícia inspecionavam os veículos de entrada ou de saída da capital.
Houve confrontos com celerados em uma estrada de saída. Foi proibido levar
qualquer objeto, inclusive panfletos e jornais onde se destacava a violência
das Forças contra os rebeldes beligerantes de imediato considerados pela
alcunha de “comunistas”. Um jornal do País ainda teceu comentários alusivos à
ação policial na cidade de Natal. Houve espocar de bombas em meio do conflito,
porém distante do local onde começou o conflito armado. As Tropas Armadas
fizeram vigília por toda noite para evitar novas agitações com a turma
insurgente. Soube-se de carros a conduzir “esquerdistas” de outras partes do
Estado e de Estados vizinhos para engrossar a fila de manifestantes em defesa
dos mortos.
Na madrugada do sábado houve informes de ataques de manifestantes
a dependência de Secretarias do Município, apesar de haver forte vigilância em
tais locais. O número de incidentes foram três nessa onda de violência contra
transportes da Urbana, engenharia de retiradas de detritos humanos e de
Hospitais ferindo o patrimônio público. Os ataques da madrugada do sábado
ocorreram poucas horas depois do Prefeito da Cidade decretar alerta total
contra as facções criminosas, apontadas como responsável pela Secretaria de
Segurança. Desde o dia passado que o transporte coletivo foi impedido de
trafegar em toda a capital. A escolta armada ficou vigilante pela ação
criminosa dos meliantes. Coquetéis Molotov foram jogados sobre os carros
coletores de lixo. Um suspeito de autoria dos ataques foi morto em confronto
policial.
No sábado, pela manhã, houve reunião do secretariado, Prefeito,
representantes da Polícia e Forças Armadas para decidir o futuro a ação contra
os “guerrilheiros”. Lacrou-se todas as entradas do Palácio “Felipe Camarão” e
foi proibida a presença de representantes da Imprensa local e nacional. O
Governo do Estado se manifestou favorável a ação da Prefeitura em negociar o
Cemitério e decidiu com a Assembleia Legislativa manter a mesma posição. Era o
sanatório geral com a determinação dos três poderes. Os pigmeus eram então o
Sumo Poder. A arrogância dos “napoleões” temíveis. As eleições dos Senadores e
deputados foram suspensas em todo o País em defesa das demais prefeituras dos
Estados próximos e distantes e esperava-se para ouvir a opinião do Governo
Federal. Tudo era tensão, com certeza. O
comércio da capital teve um tímido movimento com os negociantes temerosos
evitavam confabular. A própria Maçonaria lacrou suas portas e não se encontrou
viva alma para falar. A Feira Livre do Alecrim, o maior comercio a céu aberto
nos dias de sábados, foi pleno fracasso. Nada se oferecia à venda. Apenas “os
gorilas” estavam no local a procura de qualquer um, os passageiros da chuva.
Os sinos não repicaram mais. Às
primeiras horas da tarde do sábado veio a conclamação do Governo Federal a
decidir pela ação das Forças Armadas como já era feita e definir por parte do
Congresso o que mais justo fosse. Com isso, o Prefeito ficou feliz e
satisfeito. Mesmo assim não emitiu nenhum comunicado à imprensa ou mesmo ao
conhecimento público. O Governo do Estado manteve-se silencioso bem como a
Assembleia Legislativa. Os boatos corriam por baixo do pano em confissões
íntimas de parte de alguns secretários municipais em conversas isoladas. Por
outro lado, os manifestantes, apesar do sigilo imposto se reuniram em locais
distantes do centro da cidade. Nesse ponto houve discussão, aviltamento,
soberbas e sem nenhum acordo da parte dos guerrilheiros. Havia um ou outro
ataque com coquetéis Molotov, porém nem um grupo assumia a sua defesa. A casa-grande
na qual havia o encontro de líderes do movimento guerrilheiro ficava em uma
parte do Estado onde havia apenas o mar. No restante do terreno era cercado de
plantios de cana de açúcar e de pés de milho, feijão e muitas árvores, como
cajueiro e até mangueiras. A estrada de acesso a entrada do casarão era uma
modesta estrada vicinal pouco notada diante do grande plantio existente. Uma
mulher tomava conta da cozinha com a sua filha. O marido quase sempre estava na
roça com mais dois ou três ajudantes a plantar e colher canas, milhos entre os
demais plantios. Para qualquer um, era uma casa tranquila perdida no meio do
mato. A sua locação era distante de qualquer cidade. Tinha, no terreno, um
cata-vento a moer constante a tirar água do solo para abastecer a casa. A vida
era tranquila e sem pressa de viver. Contudo, era alí que se passava todo o
drama do movimento guerrilheiro.
Na manhã do sábado os lideres
começaram a chegar. Eles queriam ouvir a decisão do Governo Federal. De um modo
ou de outro, a guerrilha já estava pronta para continuar com a sua atuação de
vender caro a sua oferta prometida. Os líderes vieram em traje de homens
simples com suas roupas surradas. Para quem os visse, se tratava de homens do
campo e nada mais. Um deles era alto, forte e musculoso. Os demais, nem tanto.
O mais alto era chamado pelos demais de Rocha, nome comum no sertão do Rio
Grande. Os outros eram Antônio, Pedro, João e Balaio. Coisa mesmo do mato. Nos
bisacos, eles conduziam armas, rádios e o que fosse preciso disfarçado em
pacotes de comidas. Ao chegar na casa
grande, os cinco cumprimentaram a dona da casa e se enfurnaram em um cômodo
fechado onde havia estantes e livros, com certeza de um ex-dono da casa. Desse
quarto, eles rumaram para o solo mais abaixo acionando um segredo que
possibilitava abrir uma porta secreta e depois disso, fechar com toda
maciez. Se houvesse necessidade de sair,
mesmo as pressas, os cinco teriam caminho traçado pelo chão em um túnel coberto
pelo matagal e o plantio de cana indo sair no pé do morro ou mesmo para o lado
do mar. Esses túneis tinham guardados em seu interior os armamentos de fogo
precisos, como metralhadoras, revólveres, granadas, Molotov e o que mais fosse
preciso. O esquema era semelhante aos tuneis escavados pelos extremistas do
território do Vietnam do Norte, durante a guerra naquele país. Por isso mesmo,
o vietcongue deu tanto trabalho as Forças organizadas dos Estados Unidos. O
guerrilheiro aparecia, atacava e sumia como por encanto por entre a mata da
selva bruta existente no lugar. Com seus murmúrios no esconderijo, os líderes
comentavam a ação de Natal.
Rocha:
--- Já tem o levantamento de
baixas? – indagou com voz forte.
Antônio:
--- Uma parte. Falta ainda se
confirmar. – alertou o guerrilheiro.
Pedro:
--- Do meu lado, foram dez. –
destacou o outro
João:
--- Ainda me falta chegar os
números exatos. Por isso, é melhor esperar um pouco mais. – falou
O único a não ter informações de
mortos foi o guerrilheiro “Balaio”. Por isso, ele ficou calado a pergunta de
Rocha. Fez apenas pensão de negativa com a cabeça.
Rocha:
--- Nós temos que reunir os
rapazes para uma ação ofensiva. Quantos ainda somos? – indagou.
Antônio:
--- Talvez 500 ou mais um pouco.
– fez ver.
Rocha:
--- Isso é mal. A situação está
muito vagarosa. – declarou
João:
--- Os colegas que se deitaram no
chão, conseguiram escapar no último instante. – falou lento.
Rocha:
--- Pelo menos é uma boa notícia.
– alegrou.
Pedro:
--- Eu tenho o balanço de perdas
do pessoal da Urbana. – e passou o papel para Rocha.
Rocha:
--- Você tem alguma coisa? –
indagou a Balaio.
Balaio:
--- Nada! Meu pessoal não deu
notícia alguma. – falou acabrunhado.
João:
--- Houve um ataque a uma base
das Forças Armadas durante a noite. – comentou.
Rocha:
--- Mortos? – indagou.
João:
--- Nenhuma do nosso lado. Três
dos deles. – comentou.
Rocha:
--- Isso está no relatório? –
perguntou a olhar o guerrilheiro.
João:
--- Sim. Eu coloquei. – disse o
guerrilheiro.
Pedro:
--- Luta em campo aberto é fogo.
– comentou desiludido
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