Julia Belard
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SEGURANÇA
O caso do Cemitério do Alecrim,
em Natal, tornou caso de segurança máxima na manhã da mesma segunda-feira. Um
avião Hércules da FAB com equipes da Força Nacional de Segurança chegou em plena
madrugada com reforços policiais do Exército para mantar o esquema traçado para
garantir a ordem em toda a capital. A tropa formada por mais de 30 homens
chegou na surdina, sem dar aviso ou nada e desembarcou na parte oeste do
Aeroporto de Parnamirim. Em seguida, a tropa tomou rumo ignorado para seguir
com a vigilância e manter a garantia total na cidade. A equipe chegou para
combater a onda de ataques onde os guerrilheiros tomaram conta com os seus
artefatos explosivos, entre outros, bombas de ataques do tipo Molotov. Os
atentados começaram na sexta-feira e prosseguiam com os revoltosos agindo de
maneira imprevisível, atirando e fugindo em uma única vez. O último atentado se
deu na manhã da segunda-feira contra a Prefeitura de Natal. A Inteligência
montou um esquema para verificar se as ordens vieram de fora de Natal, pois já
era sabido da ocorrência extremistas fora da Capital, temendo-se os ataques em
outras cidades do nordeste, como Recife.
O Rio Grande do Norte estava
ciente dos ataques de surpresa montados pelos guerrilheiros e teve o cuidado de
se resguarda nas outras cidades do interior. Uma reunião de cúpula foi mantida
pelo Alto Comando com as autoridades estaduais e do próprio município de Natal.
No seu final foi mantida a ordem de se organizar com o efetivo da Força
Nacional de Segurança sem contudo se revelar detalhes. Os ataques dos
guerrilheiros tomaram vulto impressionante com a detonação de guerra urbana com
incêndios a veículos do Estado, Forças Armadas e Município de forma
desorganizada, como era o costume do grupo de estrema esquerda. Agia-se de
forma desorganizada. Prédios, viaturas e bases foram danificadas pelos
terroristas. Segundo a corporação, foram presos quase 100 participantes da
organização extremista e, pelo menos, 20 foram mortos, segundo dados oficiais.
Todos esses elementos tiveram envolvimento com o grupo extremista. A notícia
foi vazada para a cidade e Sócrates teve o cuidado de receber os informes de
forma cuidadosa.
Em apenas três dias de tumultos a
onda de ataques criminosos já denunciava 80 atentados conforme apurou uma
organização de direita em combinação com a Prefeitura de Natal. Por conta dos
ataques foram suspensas as aulas nos Colégios do Estado e Município. A
Universidade Federal tomaria igual decisão após haver reunião do colegiado. As
repartições públicas do Estado e Município tiveram expediente suspensos. A
agitação era de horror na capital podendo se seguir em cidades próximas à
Natal. As férias e folgas de todos os policiais foram suspensas, em tentativa
de garantir o sossego público. Os transportes coletivos deixaram de circular
durante à noite e na parte do dia era exigida a escolta policial. Para o interior do Estado foi definido o
envio de 400 homens para o patrulhamento de pessoas envolvidas com os ataques
na capital. Em outra ação, vinte ônibus foram destacados para os municípios
mais distantes da capital. O sistema de segurança teve início a partir das seis
horas dessa segunda-feira. Parte do efetivo ficará de prontidão na região
Metropolitana da Capital. Natal e a região metropolitana concentrarão o maior
reforço no policiamento. A Polícia Rodoviária Federal deflagrou a atenção
redobrada para reforçar o esquema nas rodovias do interior.
O grupo de esquerda Movimento
Revolucionário Popular, de forma imediata, entrou em ação anunciando a
decapitação de Militares como represália pelos avanços das tropas de Segurança
Nacional. O guerrilheiro, já de posse de um militar fardado, em um campo de
execução não revelado pela imagem feita, onde aparece o militar ao lado do seu
executor, fala com ênfase:
Guerrilheiro:
--- Salvem os Mortos! – gritou o
guerrilheiro.
Em seguida decapitou o militar.
Foi tombo e queda. O homem foi executado em plena mata onde estava. O executor
estava com a cara coberta por um capuz negro e vestia um traje todo negro. A
vítima trajava uniforme do Exército e nada falou. O carrasco tem um sotaque
sulista e teve o cuidado de modificar a sua voz no gravador. A foto foi
distribuída com os jornais do país, mesmo sabendo não poder sido divulgada.
Centenas de fotos do igual massacre foram distribuídas pelas ruas da cidade com
os dizeres do Movimento Revolucionário Popular.
Popular:
--- Que horror!!! Não quero nem
olhar! – falou uma mulher.
Outro:
--- Até os mortos falam! –
repetiu um homem.
Terceiro;
--- Imagine a dor que o militar
sentiu! – ressalvou um terceiro.
O Governo brasileiro se manteve
em silencio diante do estarrecedor fato: a decapitação de um Militar, não
confirmado a veracidade do extremo derrame de sangue em algum local do território
nacional. Um diplomata falou apenas o sucinto: “Continuaremos usando todas as
ferramentas a nosso alcance”. Foi o que disse o diplomata sem confirmar o
desmentir a atitude do sanguinário guerrilheiro. Nem mesmo falou algo sobre o
Cemitério do Alecrim, em Natal. O grupo radical publicou de forma indireta uma
fita onde afirma ser a suposta decapitação do Militar de modo autêntico e
confirmar serem outros militares igualmente decapitados muito em breve. E
apresenta um novo refém – de costas e fardado – para ser a próxima vítima em um
cenário similar.
A atitude do guerrilheiro assumiu
proporções inéditas. O Militarismo brasileiro se negou em inventar uma fictícia
história pois não contava em seus documentos nenhum militar com o aspecto do
provável morto. Alguém falou sem se identificar que aquilo era uma “armação” da
guerrilha por causa da falta da identificação da suposta vítima. O silencio
camuflou esse tal trucidamento do provável militar. No decorrer do dia a fala
de um militar no programa “A Voz do Brasil” quebrou o silencio. No seu falar, o
major declarou não haver nenhuma vítima do suposto desaparecido e, portanto, a
ação de combate aos guerrilheiros continuava com afinco.
Um petardo explodiu na porta de
uma agência bancária do Governo Federal por volta das 21 horas. Um grupo de
guerrilheiros arremessou o coquetel Molotov contra a porta da agência e em
seguida desapareceu seguindo caminho ignorado. O fogo se alastrou pelo prédio e
um grupo formado por militares procurou, de imediato, sufocar o incêndio. Esse
foi o segundo atentado do dia, afora a informação da decapitação de um militar
o qual não obteve confirmação oficial. O Corpo de Bombeiro foi, de imediato,
chamado para conter o fogo. Após algumas horas tudo voltou à calma. A tropa
Nacional de Segurança foi acionada de imediato ocupando os edifícios onde havia
instalação de Bancos oficiais do Governo do País e do Estado. Torpedos Molotov
foram utilizados pela madrugada contra caminhões basculantes no Cemitério do
Alecrim como prova a existência do poder armado dos incautos guerrilheiros.
Na manhã da terça feira um jornal
matutino recebeu ordens em divulgar os acertos do Governo contra os supostos
beligerantes. Enquanto isso, aviões e helicópteros patrulhavam o espaço do
conflito em meio ao cerco dos militares a todos os equipamentos de trabalho a
transitar dia e noite conduzindo a carga de ossos devidamente retirados do real
campo santo. Um pastor se insurgiu pela manhã da terça-feira e fez um
pronunciamento em frente aos restantes de túmulos sem temer a posição dos
militares:
Pastor:
--- Irmãos! Orem por seus mortos,
pois eles ocuparam, um dia, o terreno que ora vocês estão pisando. Jesus nunca
negociou a liberdade da humanidade com Satanás, visto que Satanás não possuía o
domínio sobre os homens, sendo Satanás filho do pecado e pai da mentira.
Satanás é filho do pecado, diferente dos homens que são servos do pecado. – dizia o pastor
Um Oficial do Exército ordenou um
sargento a retirar o pastor de onde ele estava, pois a seguir ele teria gente para
protestar contra a saída do Cemitério do lugar. O sargento obedeceu a
recomendação do Oficial e foi em frente para deslocar o pastor do local. Então,
foi outra severa luta com o pastor determinado a ficar em seu trono argumentando
ser aquele um campo dos mortos e não dos serviçais militares. Foi baque feio.
Quando o pastor resolveu dizer serem os militares uns serviçais, a bordoada foi
a pior da história. O sargento socou o pastor e colocou o homem para baixo do
tumulo onde era feita a preleção.
Sargento:
--- Sai daí canalha!!! O senhor
já viu militar ser serviçal? Levem esse ser!! – reclamou o sargento
Por volta das dez horas da manhã
da quarta-feira, os cinco líderes chegaram à casa-grande onde eles se reuniam
para discutir as ações da guerrilha, não tinham a mulher e a sua que tomavam
conta do serviço normal de se cuidar do almoço. Três homens estavam no fim do
cercado trabalhando exaustivo no plantio da cana de açúcar. Os cinco líderes com
efeito não deram a maior importância ao ocorrido. Afinal, a mulher talvez
tivesse saído para fazer a feira do meio da semana. Os homens, com suas roupas
surradas, entraram na casa grande onde podiam se sentir à vontade. Houve uma
conversa entre eles antes de entrar na sala ao lado. Foi nesse instante que a
ação dominou sem defesa alguma. A tropa do Exército entrou com tudo na casa
grande e tentou dominar os cinco elementos. Um deles buscou fugir pela porta de
trás. Mas não teve êxito. O oficial postado logo atrás da porta deflagrou uma
rajada de metralhadora. O homem veio ao solo, morto. Um segundo elemento tragou
uma capsula e se envenenou em poucos segundos. Os três líderes restantes estavam
rendidos. A tropa de cerca de trinta homens estava segura de si.
Oficial:
--- Acabou a bagunça! Todos vocês
estão presos! – alertou com ênfase.
Na trilha, os três homens foram
destinados ao Quartel General. O Comando tomou de assalto a casa grande horas
antes dos líderes chegarem. Na rua da capital, ostensivamente, a tropa montou
guarda solene para caçar os demais guerrilheiros. O repórter da BBC de Londres tomou todas as
anotações de praxe. Não tendo nada mais a fazer, ele deixou o Gabinete do
Prefeito e saiu contente. Era mais uma jornada a terminar.
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