- Simone Guttierrez -
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ESQUECER
Canindé divagou e previu não ser
Succubus o plural. Mas não teceu nova pergunta. Ele quis apenas saber o
significado dessa forma de falar. Por algum breve tempo a jovem moça teceu
comentário a esse assunto. Mesmo assim o rapaz não levou em conta e acabou por
esquecer de vez. E desse instante em diante, a cabeça de Canindé voltou à carga
e se lembrou da palavra quando novamente indagou. E obteve resposta.
Tâmara:
--- Querido. Eu vou te explicar. Súccubu
vem do latim. É um mito de demônio com aparência feminina. Esse Succubus invade
o sonho dos homens a fim de ter uma relação sexual com eles e lhes roubar a
energia vital. Em lendas medievais, um súccubus que no plural é succubi é
apenas a mulher a sedutora dos homens. Ou seja: uma rameira, dama da noite ou
simplesmente “puta” para você entender melhor. – explicou a ninfa.
O rapaz ficou aturdido com a
explanação de Tâmara se inquietando sobremaneira pois não supunha desse modo.
Para Canindé seria uma coisa maior como um demônio propriamente dito e não um
ser vulgar. E foi a desforra:
Canindé:
--- Então por que não se diz ser
uma mulher da vida? – indagou com o rosto franzido.
A moça responde com vagar.
Tâmara:
--- Querido. Esse nome é um mito.
Ele na verdade inexiste. Quando um homem de mais idade sonha com um “demônio”
sugando o seu tormentoso ser, como sugando as suas energias, diz-se que ele
está sob a influência de um ser diabólico. Isso era pregado sempre para os
idosos padres no tempo da inquisição. O ancião olhava aquela bela e estonteante
mulher capaz de lhe tragar todas as energias, então se culpava como sendo um
ser demoníaco, ou seja, um súccubus. –
falou com lucidez.
Canindé:
--- Quer dizer que ela não
existe? – quis saber.
Tâmara:
--- Em parte, não. Mas mulher existe.
Veja bem. O homem vai ao prostibulo fica com a dama. Então ele está gozando o
seu prazer. A dama pede uma gorjeta e ele dá. De outra vez, ele dá ainda mais.
Com o tempo os dois perpetuam uma amizade. Veja bem o sentido do caso: a
questão é não ser uma rameira. E sim uma mulher divorciada ou até mesmo casada.
O homem vai de encontro aquela mulher. E há a sedução. A mulher – bem casada –
gosta do amante. E daí se forma o conúbio. Então? Foi mais fácil de entender? – sorriu.
Canindé:
--- Ora porras!!! Isso pode
acontecer até agora? Mulher casada? – perguntou em desespero.
Tâmara:
--- Isso acontece até comigo ou
com você! – sorriu a dama.
Canindé:
--- Não! Comigo não! – descartou
de imediato.
Tâmara:
--- E eu estou servindo de que
para você? – perguntou sorrindo.
Canindé:
--- Bem! Mas a gente vai se
casar! – foi claro.
Tâmara:
--- Vai? Você garante? E eu? –
indagou consciente.
O rapaz se encurvou no assento do
carro e ficou a meditar. Após um bom pedaço de tempo o rapaz se desvencilhou de
suas algemas psicológicas e respondeu:
Canindé:
--- Eu pensava que você queria. –
disse ele em voz cautelosa.
Tâmara:
--- Sim. Você pensou. Mas não me
perguntou! – retrucou.
Canindé:
--- Então? Você quer ser minha
esposa? – quis saber de verdade.
Tâmara:
--- Ah. Agora você perguntou. E o
que eu digo? Sim? – sorriu a mulher.
Canindé:
--- E eu sei! Espero que você
diga “sim”. Do contrário “reiou” tudo. –disse o homem amuado.
Tâmara:
--- Pois bem. Eu vou pensar! –
sorriu a mulher.
Canindé:
--- Ainda tem que pensar? – quis
saber.
Tâmara:
--- É uma decisão de muitos erros
ou acertos. Por isso, eu tenho que pensar! E se eu já sou casada com outro
alguém? – quis saber a sorrir.
Canindé:
--- Não! Você não faria isso
comigo ou com o outro! - respondeu
impaciente.
E Tâmara gargalhou de veras.
Quanto chegaram a casa de Canindé
eles saltaram e foram direto para a sala de visita onde estava o pai do rapaz a
ouvir o noticiário do rádio, como sempre fazia. Naquela noite ele esteve em
falta com a Casa Espírita onde estava habituado a frequentar nas noites de
sessão. Racilva, a sua irmã, também não fora por causas das vertiginosas regras
onde a moça sentia dores terríveis e então ficava em seu quarto de dormir. A
mãe de Canindé apareceu à porta e cumprimento a dama por ser aquela a primeira
visita. Tâmara aceitou os cumprimentos e ali ficou com o seu namorado. Eles
conversaram sobre tudo ou sobre nada com o ancião Cosme a admirar a estonteante
formosura da estonteante Tâmara. Porém, Cosme nada falou, pois a sua mulher
estava presente e se houvesse algum atrito, certamente a vassoura partia em sua
cabeça com já foi quebrada por demais vezes. E Canindé, formalmente passou as
alianças do dedo de Tâmara ao falar ser daquele instante comprometido com a
ninfa, uma dama maravilhosamente esplêndida. O pai de Canindé ajudou a pôr o
anel ne dedo da ninfa pois em toda sua vida jamais tivera a oportunidade de
observar tão esplendorosa nubente. E a conversa demorou por largas horas da
noite. Após esse tempo já era a hora de sair. E a moça com Canindé partiram
para as sóbrias ruas de sua cidade.
oOo
À meia noite Aloísio tomou
atitude. Não podia mais aguentar a sua vida com temor constante. O súccubu era
o demônio. Ele então já estava a conhecer. E não podia dizer coisa alguma à sua
esposa. A mulher dormia a sono solto. Aloísio ficou bem mais preocupado. E
apenas tinha um jeito. O padre esteve em sua residência e ainda ficou de
retornar. Mas esse caso não tinha solução alguma. E Aloísio lembrava-se da
mulher. Era súccubu, certamente. Ele já não podia mais suportar tanta angustia.
Em um passo decisivo, o rapaz tomou a decisão.
Aloísio:
--- E agora ou nunca! – pensou o
rapaz.
Tao de repente como uma serpente
ele pendurou um laço feito com uma corda e colocou em seu pescoço. Foi apenas
uma vez. A cair, ele apenas estrebuchou e nada mais. Não teve tempo nem mesmo
de gritar. Suas mãos se encresparam com a ação de procurar desatar a corda. Mas
o tempo era diminuto. Em alguns segundos o homem estava morto. De manhã, quando
acordou, a mulher viu a macabra cena e terrivelmente alarmou com os seus fixos
no cadáver de seu marido. As mãos da mulher estavam tal como embranquecidas e
ela apenas gritava.
Mulher:
--- Socorro! Acudam-me! Aloísio!
– disse isso em um forte grito a redundar todo o espaço
Em poucos minutos o quarto de
Aloísio estava cheio de gente da casa. Cada um que gritasse mais e mesmo assim,
o homem jazia sem vida. Com um brusco empenho, o cunhado afrouxou a corda do
suicida e esse caiu ao solo. Nada mais restava fazer.
Cunhado:
--- Morto! – relatava o cunhado
com olhar em espanto
Foi uma manhã inglória. Era uma
tristeza geral entre os familiares. A mãe de Aloísio era a mais sentida a falar
de uns demônios a atormentar seu filho ao longo do tempo. Se não fossem os tais
demônios ele estaria vivo, pois sempre foi um bom rapaz. Desde menino Aloísio
conversava em casa sobre demônios, era o que alegava a sua mãe.
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