Natalie Portman -
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SATANÁS
Era dia ou noite. Satanás não tinha tanta certeza disso. Apenas os
sangrentos demônios jogavam sua enorme aglomeração de corpos para o setor mais
baixo da Terra. E esse fato enervante por tudo que era assombroso deixava com o
máximo prazer Satanás e a sua companheira de ver tais corpos desnudos dos
inertes mortos descaminhar para a goela do Inferno. As labaredas bárbaras do
imenso fogaréu aumentavam a cada espaço as angustias dos tardios cadáveres a
cada passo. Em baixo de tudo, ouvia-se gritos de horror a clamar por maiores
socorros. Eram gritos humanos sem dúvidas. O satânico senhor do Inferno
sentava-se em uma pedra apavorante onde podia ouvir cheio de orgulho a morte daqueles
assombradores bramidos vindos das profundezas do espaço inumano. E com os
clamores vinha o seu gargalhar terrificante ao enxergar as espantosas chamas
dos entes angustiosos. Gritos de milhões de seres humanos vindos das
profundezas do apavorante Inferno. Ali estavam os portões dos lugares sombrios
do austero terror. Eram, sem dúvidas os gritos aberrantes daqueles que um dia se
postaram a morrer, sem sombra de dúvidas. Gritos terrificantes chegavam dos
lugares extremosos onde os demônios empurravam mais para baixo aquelas vítimas
de um verdadeiro aterrorizante fratricídio. A mortandade alarmante de um mesmo
grupo social de seres de um próprio ambiente. O ambiente cruel expandia o
cheiro da carne em decomposição vinda em todas as direções. Era a incrível
carniça humana daquele espantoso local. Os demônios fanfarreavam de graça as
mortíferas cenas do horror sepulcral.
O horrendo Satanás, figura sinistra das terras dos maiores temores
de cadáveres era um espírito de dois metros e meio de altura. Sua palidez severa
era tão constante a se fundir com a total negritude a parecer mais ainda com o
próprio espírito hediondo das trevas. Dentuça pontiaguda em uma cara agressiva
semelhante a de uma própria e mortífera besta mantinha completava com dois
gigantescos chifres acima de sua ovular testa onde provinha duas gigantes
orelhas semelhantes a de fantasmagórico e grotesco morcego. Os seus olhos eram profundos e severos
encobertos por duas sobrancelhas agudas e narinas finas como as de uma caricata
fera. Às suas costas pendiam duas janotas asas como as assas de um pterossauro
ou algo semelhante. Seios gigantes e se mostrar um todo. As suas vestes eram de
couro de um animal pré-histórico, talvez. Dos braços fortes e robustos pedia
uma grotesca mão em cada lado com uma forma tridente. As pernas robustas
seguiam o mesmo princípio das suas mãos com pés em tridente. Enfim, garras
aduncas pela qual agarrava a sua presa fugidia e finalmente a jogava em um
lixão onde outros cadáveres já estavam largados ao leu. A sua arma era um chicote de couro cru onde o desmesurado
monstro amarrava na cintura e por ele fixava uma arma tridental. Era esse o
temido ser escavador das regiões abissais onde se entrava e não podia sair para
canto algum.
O triste ser obtuso e cruel, o satânico e diabólico ente escarrava
um vômito sanguinolento fato de comer carne crua das suas vítimas destinadas às
profundezas do sepulcral lago de fogo, o verdadeiro Hades onde habitavam as
truculentas bestas massacras. Em seu magistral trono de fogo, Satanás ditava as
normas para os seus agressivos demônios. Seres robustos primatas com odor do
excessivo e purulento enxofre atroz. Sempre havia reuniões e assembleias onde
eram destinados os processos dos mais novatos cadáveres chegados ao centro
bárbaro. Havia normas inflexíveis as quais não se podia mudar. Azar,
trucidamento, copular com ninfas de menor idade entre outros assuntos
doutrinários. Enfim não se podia buscar a esses temíveis casos de horror e
morte. Não existia azar como também abuso sexual de criança. Ao abrir a Sessão
dos Hediondos, o vulgar Satanás ouvia o relato dos últimos acontecimentos e
depois batia três vezes na Mesa dando início assim a sessão a qualquer hora da
noite. Aliás, no Hades só havia noite, pois o seu sentido era de um local
funéreo onde os demônios não avistavam o dia e nem sabiam das horas. No Hades
tudo era noite. Um tempo de negra escuridão onde apenas as chamas do fogo
eterno subiam ao alto do desfiladeiro o qual suportava aquele lugar infausto, o
Olho do Diabo por onde os servos de Lúcifer poderiam alguma vez sair para
buscar os corpos macabros dos indigentes. Noites profundas e escuridão secular
afora os lumes do intenso fogaréu.
Satanás:
--- Caso encerrado!!! – ditava o Senhor do Inferno
Era quando não havia mais assuntos a serem discutidos para aquela
cinerícia e cruel noite. E assim os monstros voltavam ao seu labor incessante.
Os participantes da vistosa Mesa da Sessão dos Hediondos fornicavam ente si,
pois no Hades não havia diferença de volúpia ou maneira. Um mensageiro do Diabo
afixava nas tabuletas das tumbas os eventos adicionais para a próxima reunião
dos Escolhidos. Era tudo muito severo para os que assistiam as primárias
sessões dos Hediondos.
Um verme cadáver com toda culpa acercou da beirada do penhasco
erguido a bastante altura ao mendigar a proteção da extravagante Deusa do
Horror: a Súccubus, mito de um demônio com aparência feminina. O cadáver quando
em vida tinha o nome de Último. Contudo já defunto esse nome não era mais chamado.
Último teve o prazer de se vingar de sua legítima esposa por conhecimento de
outras mulheres donas da vida. Ele buscou a proteção de uma megera para fazer
uns cuidados de forma a matar a esposa sem ele mesmo tocar. A mulher ficou
doente e com certo tempo veio a morrer sem um pingo de sangue nas veias. Último
ficou feliz e debandou para as outras Damas da Noite. Porém, esse homem de meia
idade, esqueceu de certos acertos com a megera, a anciã do mal. Um deles foi o
de manter quinze anos após os seus compromissos com a Deusa do Demônio. No
tempo em que Último fez o acordo ficou dito ter ele o cuidado, pois com quinze
anos a Succubus estaria de volta para lhe buscar de vez e leva-lo para o
interior da Boca do Inferno, Nicarágua, um fogaréu existente nos confins da
Terra. Local terrificante, pior que a expressão da morte. A temperatura no
centro da imaginada Terra assumia proporções com verdade alarmantes. É o
Inferno a soltar fogo da Terra. Último se esqueceu por completo do compromisso
assumido.
Anciã:
--- Não vá esquecer! Daqui há 15 anos a Deusa está de volta para
lhe apanhar de vez! – falou com bastante calma.
Último disse “sim” e não mais pensou na história de estar vivo ou
não. O que o homem queria estava feito. E acabou e pronto. Porém, naquele
instante, quinze anos após a Deusa do Demônio estava de volta para buscar o
energúmeno. Quando a Deusa Súccubus chegou, Último tomou um verdadeiro susto.
Último:
--- Quem é você? – perguntou desnorteado.
Súccubus:
--- Eu vim agora te levar para o combinado! – respondeu a bela e
admirável Dama.
Último:
--- Que combinado? – indagou exaltado.
Súccubus:
--- O amigo se esqueceu do que se passou há 15 anos? – indagou
sorrindo.
Último:
--- Quinze anos? Ora! Eu não me lembro nem do que eu comi ontem! –
e gargalhou
Súccubus:
--- O amigo se lembra de sua esposa? – perguntou a sorrir.
Último.
--- Puta-merda! A velha! – alertou o homem ao voltar ao passado.
Súccubus:
--- Então? A velha? Está pronto o amigo? – indagou sem pressa.
Último:
--- Veja! Hoje não dá! Tem jogo do campeonato! Pode marcar outro
dia? – quis fazer galhofa.
Súccubus, então, sorriu mais uma vez e mostrou os seus belos seios
para Último olhar bem de perto. Há quem diga que, quando a noite cai, os
demônios ficam livres e soltam seus terrores e trevas sobre a Terra. Eles usam
artimanhas mais espertas para conseguir o que querem, de certo. E foi assim ter
o Súccubus com desejos ardentes e copiosos acertar com o seu bravo chicote a
testa do homem. Tão vibrante foi a chicoteada que o Último veio, incontinente,
ao solo frio e umedecido pela água da chuva caída há pouco tempo. Em um
derradeiro instante o homem gritou alarmado pela dor lacerante a sofrer
incontido.
Succubus:
--- Levanta-te imundo! É chegada a hora, verme sujo! – bradou o
Succubus com pura convicção
E nesse momento, como se fosse um carro veloz, a Deusa do Demônio
abriu as suas asas e subiu bem alto a conduzir o verme putrefato seguro pelos
calcanhares até encontrar a Boca do Inferno, na Nicarágua, uma fenda tenebrosa
bem abaixo da fumegante Terra. Com Súccubus seguiram outras Deusas para acudir
a qualquer necessidade. O Último gritava de terror até o ponto em que a Deusa
lhe pôs no chão à beira do sinistro abismo profundo.
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