quinta-feira, 16 de outubro de 2014

O INFERNO - 34 -

Natalie Portman - 

- 34 -

SATANÁS

Era dia ou noite. Satanás não tinha tanta certeza disso. Apenas os sangrentos demônios jogavam sua enorme aglomeração de corpos para o setor mais baixo da Terra. E esse fato enervante por tudo que era assombroso deixava com o máximo prazer Satanás e a sua companheira de ver tais corpos desnudos dos inertes mortos descaminhar para a goela do Inferno. As labaredas bárbaras do imenso fogaréu aumentavam a cada espaço as angustias dos tardios cadáveres a cada passo. Em baixo de tudo, ouvia-se gritos de horror a clamar por maiores socorros. Eram gritos humanos sem dúvidas. O satânico senhor do Inferno sentava-se em uma pedra apavorante onde podia ouvir cheio de orgulho a morte daqueles assombradores bramidos vindos das profundezas do espaço inumano. E com os clamores vinha o seu gargalhar terrificante ao enxergar as espantosas chamas dos entes angustiosos. Gritos de milhões de seres humanos vindos das profundezas do apavorante Inferno. Ali estavam os portões dos lugares sombrios do austero terror. Eram, sem dúvidas os gritos aberrantes daqueles que um dia se postaram a morrer, sem sombra de dúvidas. Gritos terrificantes chegavam dos lugares extremosos onde os demônios empurravam mais para baixo aquelas vítimas de um verdadeiro aterrorizante fratricídio. A mortandade alarmante de um mesmo grupo social de seres de um próprio ambiente. O ambiente cruel expandia o cheiro da carne em decomposição vinda em todas as direções. Era a incrível carniça humana daquele espantoso local. Os demônios fanfarreavam de graça as mortíferas cenas do horror sepulcral.
O horrendo Satanás, figura sinistra das terras dos maiores temores de cadáveres era um espírito de dois metros e meio de altura. Sua palidez severa era tão constante a se fundir com a total negritude a parecer mais ainda com o próprio espírito hediondo das trevas. Dentuça pontiaguda em uma cara agressiva semelhante a de uma própria e mortífera besta mantinha completava com dois gigantescos chifres acima de sua ovular testa onde provinha duas gigantes orelhas semelhantes a de fantasmagórico e grotesco morcego.  Os seus olhos eram profundos e severos encobertos por duas sobrancelhas agudas e narinas finas como as de uma caricata fera. Às suas costas pendiam duas janotas asas como as assas de um pterossauro ou algo semelhante. Seios gigantes e se mostrar um todo. As suas vestes eram de couro de um animal pré-histórico, talvez. Dos braços fortes e robustos pedia uma grotesca mão em cada lado com uma forma tridente. As pernas robustas seguiam o mesmo princípio das suas mãos com pés em tridente. Enfim, garras aduncas pela qual agarrava a sua presa fugidia e finalmente a jogava em um lixão onde outros cadáveres já estavam largados ao leu.  A sua arma era um chicote de couro cru onde o desmesurado monstro amarrava na cintura e por ele fixava uma arma tridental. Era esse o temido ser escavador das regiões abissais onde se entrava e não podia sair para canto algum.  
O triste ser obtuso e cruel, o satânico e diabólico ente escarrava um vômito sanguinolento fato de comer carne crua das suas vítimas destinadas às profundezas do sepulcral lago de fogo, o verdadeiro Hades onde habitavam as truculentas bestas massacras. Em seu magistral trono de fogo, Satanás ditava as normas para os seus agressivos demônios. Seres robustos primatas com odor do excessivo e purulento enxofre atroz. Sempre havia reuniões e assembleias onde eram destinados os processos dos mais novatos cadáveres chegados ao centro bárbaro. Havia normas inflexíveis as quais não se podia mudar. Azar, trucidamento, copular com ninfas de menor idade entre outros assuntos doutrinários. Enfim não se podia buscar a esses temíveis casos de horror e morte. Não existia azar como também abuso sexual de criança. Ao abrir a Sessão dos Hediondos, o vulgar Satanás ouvia o relato dos últimos acontecimentos e depois batia três vezes na Mesa dando início assim a sessão a qualquer hora da noite. Aliás, no Hades só havia noite, pois o seu sentido era de um local funéreo onde os demônios não avistavam o dia e nem sabiam das horas. No Hades tudo era noite. Um tempo de negra escuridão onde apenas as chamas do fogo eterno subiam ao alto do desfiladeiro o qual suportava aquele lugar infausto, o Olho do Diabo por onde os servos de Lúcifer poderiam alguma vez sair para buscar os corpos macabros dos indigentes. Noites profundas e escuridão secular afora os lumes do intenso fogaréu.
Satanás:
--- Caso encerrado!!! – ditava o Senhor do Inferno
Era quando não havia mais assuntos a serem discutidos para aquela cinerícia e cruel noite. E assim os monstros voltavam ao seu labor incessante. Os participantes da vistosa Mesa da Sessão dos Hediondos fornicavam ente si, pois no Hades não havia diferença de volúpia ou maneira. Um mensageiro do Diabo afixava nas tabuletas das tumbas os eventos adicionais para a próxima reunião dos Escolhidos. Era tudo muito severo para os que assistiam as primárias sessões dos Hediondos.
Um verme cadáver com toda culpa acercou da beirada do penhasco erguido a bastante altura ao mendigar a proteção da extravagante Deusa do Horror: a Súccubus, mito de um demônio com aparência feminina. O cadáver quando em vida tinha o nome de Último. Contudo já defunto esse nome não era mais chamado. Último teve o prazer de se vingar de sua legítima esposa por conhecimento de outras mulheres donas da vida. Ele buscou a proteção de uma megera para fazer uns cuidados de forma a matar a esposa sem ele mesmo tocar. A mulher ficou doente e com certo tempo veio a morrer sem um pingo de sangue nas veias. Último ficou feliz e debandou para as outras Damas da Noite. Porém, esse homem de meia idade, esqueceu de certos acertos com a megera, a anciã do mal. Um deles foi o de manter quinze anos após os seus compromissos com a Deusa do Demônio. No tempo em que Último fez o acordo ficou dito ter ele o cuidado, pois com quinze anos a Succubus estaria de volta para lhe buscar de vez e leva-lo para o interior da Boca do Inferno, Nicarágua, um fogaréu existente nos confins da Terra. Local terrificante, pior que a expressão da morte. A temperatura no centro da imaginada Terra assumia proporções com verdade alarmantes. É o Inferno a soltar fogo da Terra. Último se esqueceu por completo do compromisso assumido.
Anciã:
--- Não vá esquecer! Daqui há 15 anos a Deusa está de volta para lhe apanhar de vez! – falou com bastante calma.
Último disse “sim” e não mais pensou na história de estar vivo ou não. O que o homem queria estava feito. E acabou e pronto. Porém, naquele instante, quinze anos após a Deusa do Demônio estava de volta para buscar o energúmeno. Quando a Deusa Súccubus chegou, Último tomou um verdadeiro susto.
Último:
--- Quem é você? – perguntou desnorteado.
Súccubus:
--- Eu vim agora te levar para o combinado! – respondeu a bela e admirável Dama.
Último:
--- Que combinado? – indagou exaltado.
Súccubus:
--- O amigo se esqueceu do que se passou há 15 anos? – indagou sorrindo.
Último:
--- Quinze anos? Ora! Eu não me lembro nem do que eu comi ontem! – e gargalhou
Súccubus:
--- O amigo se lembra de sua esposa? – perguntou a sorrir.
Último.
--- Puta-merda! A velha! – alertou o homem ao voltar ao passado.
Súccubus:
--- Então? A velha? Está pronto o amigo? – indagou sem pressa.
Último:
--- Veja! Hoje não dá! Tem jogo do campeonato! Pode marcar outro dia? – quis fazer galhofa.
Súccubus, então, sorriu mais uma vez e mostrou os seus belos seios para Último olhar bem de perto. Há quem diga que, quando a noite cai, os demônios ficam livres e soltam seus terrores e trevas sobre a Terra. Eles usam artimanhas mais espertas para conseguir o que querem, de certo. E foi assim ter o Súccubus com desejos ardentes e copiosos acertar com o seu bravo chicote a testa do homem. Tão vibrante foi a chicoteada que o Último veio, incontinente, ao solo frio e umedecido pela água da chuva caída há pouco tempo. Em um derradeiro instante o homem gritou alarmado pela dor lacerante a sofrer incontido.
Succubus:
--- Levanta-te imundo! É chegada a hora, verme sujo! – bradou o Succubus com pura convicção
E nesse momento, como se fosse um carro veloz, a Deusa do Demônio abriu as suas asas e subiu bem alto a conduzir o verme putrefato seguro pelos calcanhares até encontrar a Boca do Inferno, na Nicarágua, uma fenda tenebrosa bem abaixo da fumegante Terra. Com Súccubus seguiram outras Deusas para acudir a qualquer necessidade. O Último gritava de terror até o ponto em que a Deusa lhe pôs no chão à beira do sinistro abismo profundo. 



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